terça-feira, 2 de dezembro de 2014

A Blusa Amarela







Do veludo de minha voz
Umas calças pretas mandarei fazer.
Farei uma blusa amarela
De três metros de entardecer.
E numa Nevski mundial com passo pachola
Todo dia irei flanar qual D.Juan frajola.
Dexai a terra gritar amolengada de sono:
“Vais violar as primaveras verdejantes!”
Rio-me, petulante, e desafio o sol!
“Golto de me pavonear pelo asfalto brilhante!” Talvez seja porque o céu está tão celestial!
E a terra engalanada tornou-se minha amante
Que lhes ofereço versos alegres como um carnaval
Agudos e necessários como um estilete pros dentes.
Mulheres que amais minha carcaça gigante
E tu, que fraternalmente me olhas, donzela.
Atirai vossos sorrisos ao poeta
Que, como flores, eu os coserei
À minha blusa amarela!



 Vladimir Maiakovski

Nenhum comentário:

Postar um comentário

nanapereira@superig.com.br